
A esclerose múltipla (EM) é uma condição neurológica crônica que afeta o sistema nervoso central, muitas vezes resultando em incapacidades físicas e cognitivas progressivas. No entanto, novas pesquisas indicam que o impacto da doença pode ser ainda mais grave quando o paciente também apresenta outras condições de saúde, conhecidas como comorbidades. Um estudo publicado na JAMA Neurology em setembro revelou que a presença de comorbidades, como doenças cardiometabólicas e transtornos psiquiátricos, está ligada a piores resultados clínicos em pacientes com EM.
Comorbidades: um fator agravante
De acordo com a pesquisa liderada pela Dra. Amber Salter, do UT Southwestern Medical Center, em Dallas, a presença de três ou mais comorbidades em pacientes com esclerose múltipla aumenta significativamente o risco de atividade da doença. O estudo analisou dados de 16.794 participantes de 17 ensaios clínicos de fase 3, focados em terapias modificadoras da EM. Durante o período de acompanhamento de dois anos, 61% dos participantes apresentaram evidências de atividade da doença, um indicador de piora ou progressão da esclerose múltipla.
Comorbidades cardiometabólicas e psiquiátricas
Entre as comorbidades analisadas, as doenças cardiometabólicas (como hipertensão, diabetes e doenças cardíacas) e os transtornos psiquiátricos (como ansiedade e depressão) tiveram uma associação direta com a piora da EM. Pacientes com duas ou mais condições cardiometabólicas apresentaram um risco 21% maior de atividade da doença, enquanto aqueles com um transtorno psiquiátrico tiveram um risco 7% maior de piora na doença. Esses resultados sugerem que a saúde cardiovascular e a saúde mental devem ser abordadas com atenção especial em pacientes com esclerose múltipla.
A Importância de abordar as comorbidades na EM
As descobertas do estudo reforçam a necessidade de um cuidado mais abrangente para pessoas com esclerose múltipla. Os médicos devem monitorar rotineiramente a presença de comorbidades e tratar essas condições de forma proativa. Segundo os autores do estudo, "as evidências sugerem que os médicos precisam abordar rotineiramente a comorbidade em pessoas com EM". Isso significa que, além de focar no tratamento da esclerose múltipla, é crucial gerenciar outras condições de saúde que possam agravar os sintomas da doença.
Como o estudo impacta o tratamento da EM
Os resultados do estudo oferecem uma visão valiosa para a personalização do tratamento da EM. As terapias modificadoras da doença, utilizadas para reduzir a progressão da esclerose múltipla, podem ser menos eficazes se as comorbidades não forem controladas adequadamente. Isso reforça a necessidade de uma abordagem integrada que trate não apenas a esclerose múltipla, mas também as condições associadas, como hipertensão, diabetes e saúde mental.
Além disso, o estudo sublinha a importância de um estilo de vida saudável para pacientes com EM, incluindo dieta equilibrada, controle do estresse e prática de exercícios físicos adequados. Essas medidas podem ajudar a reduzir o impacto das comorbidades e melhorar a qualidade de vida geral dos pacientes.
Conclusão: abordagem integral
A pesquisa sobre comorbidades na esclerose múltipla destaca que o manejo eficaz da doença vai além do tratamento isolado dos sintomas neurológicos. Pacientes com EM que também enfrentam comorbidades, especialmente condições cardiometabólicas e psiquiátricas, estão em maior risco de piora clínica. Portanto, é essencial que médicos e profissionais de saúde adotem uma abordagem integral, abordando tanto a esclerose múltipla quanto as condições associadas para melhorar os resultados clínicos e a qualidade de vida dos pacientes.
Ao gerenciar comorbidades de forma proativa e fornecer suporte adequado, os profissionais de saúde podem ajudar a retardar a progressão da esclerose múltipla e oferecer um cuidado mais completo e eficaz aos pacientes.
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