Comprometimento Cognitivo Leve e Alzheimer na Esclerose Múltipla: o que revela a nova pesquisa

A incidência de comprometimento cognitivo leve e Alzheimer em pessoas recentemente diagnosticadas com esclerose múltipla é relativamente baixa

Um novo estudo apresentado no ACTRIMS Forum 2025 revelou dados importantes sobre a prevalência de comprometimento cognitivo leve (CCL) e doença de Alzheimer (DA) em pessoas diagnosticadas recentemente com esclerose múltipla (EM). Utilizando dados reais de mais de 190 mil pacientes, essa pesquisa traz insights valiosos sobre como fatores como idade, raça e comorbidades influenciam o risco dessas condições neurológicas em pacientes com EM.

Baixa incidência de Alzheimer e CCL em pacientes com EM

Segundo o estudo, a incidência de comprometimento cognitivo leve e Alzheimer em pessoas recentemente diagnosticadas com esclerose múltipla é relativamente baixa. Dos 193.885 participantes, apenas 4,5% foram diagnosticados com CCL, e 1,3% com DA. Além disso, entre os pacientes com CCL, 4,7% progrediram para Alzheimer.

Esses dados sugerem que, apesar da EM ser uma condição neurológica crônica, o desenvolvimento de doenças cognitivas progressivas não é tão comum nos primeiros anos após o diagnóstico, especialmente em indivíduos que ainda não iniciaram terapias modificadoras da doença.

Diferenças raciais na progressão da cognição

Um dos achados mais relevantes da pesquisa está na disparidade racial quanto à idade de diagnóstico e à carga de comorbidades. Pessoas negras, asiáticas e hispânicas com EM foram diagnosticadas com CCL mais jovens do que pacientes brancos. A idade média ao diagnóstico de CCL foi de:

• 52,2 anos para asiáticos e hispânicos

• 52,6 anos para negros

• 56,4 anos para brancos

  
  

Além disso, o Índice de Comorbidade de Charlson (CCI) — uma medida de carga de doenças — foi mais alto entre negros (1,35), hispânicos (1,54) e asiáticos (1,39) em comparação com brancos (0,98), indicando que esses grupos enfrentam maiores desafios de saúde ao longo do tempo.

Diagnóstico de Alzheimer: impacto da comorbidade e etnia

Em relação à doença de Alzheimer, a idade média ao diagnóstico também foi menor entre pessoas negras (66 anos) e asiáticas (66,5 anos), comparadas aos brancos (69,5 anos). E novamente, os índices de comorbidades foram mais elevados:

• 3,53 para asiáticos

• 2,90 para hispânicos

• 2,32 para negros

• 1,70 para brancos

  
  

Esses resultados indicam que fatores sociais, genéticos e de acesso à saúde podem influenciar tanto o surgimento quanto o diagnóstico precoce de doenças cognitivas em populações não brancas com EM.

Implicações clínicas e sociais

Esses achados reforçam a necessidade de monitoramento cognitivo contínuo em pacientes com EM, especialmente entre populações vulneráveis. Estratégias de rastreamento precoce e cuidados personalizados são essenciais para reduzir desigualdades raciais e garantir que todos os pacientes com EM recebam suporte adequado para preservar a cognição.

Além disso, a baixa taxa de progressão de CCL para Alzheimer em pessoas com EM pode indicar que os mecanismos subjacentes dessas condições diferem, ou que a intervenção precoce na EM ajuda a retardar complicações cognitivas graves.

Conclusão

O estudo apresentado no ACTRIMS 2025 destaca que, embora a prevalência de CCL e Alzheimer seja baixa entre pacientes com EM, existe uma disparidade racial significativa na idade de diagnóstico e na carga de comorbidades. Esses dados são cruciais para o desenvolvimento de estratégias de saúde pública e manejo clínico mais equitativos para pacientes com EM.