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Efeitos cognitivos da farmacoterapia antidepressiva na depressão da vida tardia

Priscila Emery


A depressão na vida tardia é um problema crescente que afeta muitos adultos com 50 anos ou mais. Além de impactar o humor e o bem-estar emocional, a depressão tardia também pode influenciar a função cognitiva. Uma pergunta recorrente é: o tratamento com antidepressivos pode melhorar a cognição nesses pacientes? Uma recente revisão sistemática e meta-análise oferece novas evidências sobre esse tema.

 

Depressão na vida tardia e cognição

 

A depressão tardia tem sido associada a déficits cognitivos, como problemas de memória, aprendizado e velocidade de processamento de informações. Esses efeitos podem impactar significativamente a qualidade de vida de idosos, comprometendo suas habilidades funcionais e independência.


No entanto, existe esperança de que a farmacoterapia antidepressiva possa reverter, ou pelo menos melhorar, esses déficits. A revisão sistemática em questão avaliou 22 estudos que examinaram o impacto do tratamento antidepressivo em adultos com 50 anos ou mais com o diagnóstico.

 

Resultados principais: melhorias cognitivas em pacientes tratados

 

Dos 19 estudos incluídos na meta-análise, 13 relataram melhorias em pelo menos um domínio cognitivo após a farmacoterapia antidepressiva. As áreas com maior evidência de melhora foram a memória e a aprendizagem, com 9 de 16 estudos mostrando melhorias, e a velocidade de processamento, com 7 de 10 estudos reportando avanços.

 

Além disso, a análise revelou que o tratamento com sertralina, um dos antidepressivos mais utilizados, foi consistentemente associado a melhorias nos testes cognitivos em todos os cinco estudos que o investigaram.


Depressão e melhora cognitiva: uma ligação importante

 

Outro aspecto relevante é a associação entre a melhora dos sintomas depressivos e a função cognitiva. Seis de sete estudos que investigaram essa relação observaram que a redução nos sintomas depressivos estava diretamente ligada a melhorias nos escores de testes cognitivos. Isso sugere que o alívio da depressão pode, em parte, contribuir para a recuperação ou melhora da cognição em idosos.

 

Meta-Análise: evidência sólida em memória e aprendizado

 

Na meta-análise, que incluiu oito estudos e 493 participantes, foi encontrada uma melhora estatisticamente significativa nos domínios da memória e aprendizado. O tamanho do efeito foi de 0,254, o que indica uma mudança positiva nesses aspectos cognitivos após o tratamento com antidepressivos.

 

Por outro lado, outros domínios cognitivos, como atenção e função executiva, não apresentaram alterações estatisticamente significativas. Isso pode indicar que certos tipos de habilidades cognitivas respondem melhor ao tratamento com antidepressivos do que outros.

 

Necessidade de mais estudos

 

Embora os resultados sejam promissores, a revisão destaca a necessidade de mais estudos que comparem os resultados de indivíduos tratados com antidepressivos a grupos de controle que não receberam tratamento. Isso ajudaria a esclarecer melhor a eficácia dos antidepressivos na melhora cognitiva e excluir outras variáveis que possam estar influenciando os resultados.

 

 

 

 


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