Enxaqueca e Demência: o que a ciência revela sobre esse risco silencioso
- Priscila Emery
- 7 de out.
- 2 min de leitura

Um alerta importante sobre o cérebro e o futuro cognitivo
A enxaqueca é muito mais do que uma dor de cabeça intensa. Estudos recentes mostram que ela pode estar ligada a um risco significativamente maior de desenvolver demência, incluindo Doença de Alzheimer e demência vascular. Pesquisadores descobriram que pessoas com histórico de enxaqueca, especialmente mulheres e aquelas que apresentam aura, têm maior probabilidade de enfrentar declínio cognitivo ao longo do tempo.
O que os estudos descobriram
Uma revisão sistemática e meta-análise, publicada no The Journal of Headache and Pain, avaliou dados de mais de 270 mil pacientes com enxaqueca e 6,6 milhões de controles sem histórico da doença.Os resultados foram claros:
Pessoas com enxaqueca apresentaram 26% mais risco de desenvolver demência.
O risco foi ainda maior em mulheres (28%) e em pacientes com enxaqueca com aura (22%).
Entre os subtipos de demência, a Doença de Alzheimer teve o maior aumento de risco, chegando a 48%.
Esses achados reforçam que a enxaqueca não deve ser vista apenas como um distúrbio episódico, mas como uma condição neurológica complexa com possíveis repercussões a longo prazo.
Por que a enxaqueca pode aumentar o risco de demência?
Os pesquisadores ainda investigam os mecanismos exatos, mas algumas hipóteses já ganham força:
Inflamação crônica: durante as crises, há liberação de substâncias inflamatórias que, com o tempo, podem afetar o tecido cerebral.
Alterações vasculares: a enxaqueca com aura está associada a alterações no fluxo sanguíneo cerebral, o que pode comprometer a oxigenação de áreas do cérebro.
Estresse oxidativo e disfunção mitocondrial: fatores comuns em ambas as condições, contribuindo para o envelhecimento neural.
Comorbidades associadas: depressão, distúrbios do sono e hipertensão, frequentemente presentes em quem tem enxaqueca, também aumentam o risco de demência.
O que isso significa na prática?
Essas descobertas trazem um recado claro: é possível agir antes que o dano cognitivo se instale.Pacientes que sofrem de enxaqueca devem ter acompanhamento neurológico regular e atenção especial a fatores de risco como:
Sono irregular;
Alimentação inadequada;
Estresse crônico;
Sedentarismo;
Hipertensão e colesterol alto.
O tratamento adequado da enxaqueca — incluindo medicações preventivas, manejo do estresse e hábitos saudáveis — pode ter impacto positivo não apenas na frequência das crises, mas também na saúde cerebral a longo prazo.
Prevenção começa com informação
Embora nem todas as pessoas com enxaqueca desenvolvam demência, a relação entre ambas é um sinal de alerta para profissionais de saúde e pacientes. Reconhecer esse risco pode abrir caminho para estratégias de prevenção precoce, incluindo:
Avaliação cognitiva periódica;
Controle rigoroso de comorbidades;
Acompanhamento neurológico contínuo.
A ciência mostra que cuidar hoje das suas dores de cabeça pode ser um investimento direto na proteção da sua memória e da sua mente amanhã.
Conclusão
A enxaqueca é uma condição neurológica complexa que merece atenção integral — física e cognitiva. Com diagnóstico precoce, tratamento contínuo e hábitos de vida saudáveis, é possível reduzir os riscos e preservar a saúde do cérebro ao longo dos anos.
🔹 Se você convive com enxaqueca, converse com seu neurologista sobre estratégias de prevenção cognitiva.
🔹 Cuidar do seu cérebro é cuidar do seu futuro.




Comentários