Enxaqueca e sono ruim: dormir mal causa enxaqueca ou a enxaqueca impede você de dormir bem?

Afinal, será que dormir mal desencadeia crises de enxaqueca ou é a própria dor que compromete a qualidade do sono?

A relação entre sono insuficiente e enxaqueca tem intrigado pacientes e especialistas há anos. Afinal, será que dormir mal desencadeia crises de enxaqueca ou é a própria dor que compromete a qualidade do sono? Um estudo recente traz novas evidências que ajudam a entender como essas duas condições se influenciam.

Sono insuficiente e enxaqueca: qual a conexão?

Pesquisadores investigaram os efeitos da restrição do sono em pessoas com enxaqueca, analisando como o cérebro delas processa estímulos dolorosos em comparação com indivíduos sem a condição. Os participantes passaram por dois períodos distintos: duas noites de sono habitual e duas noites com apenas quatro horas de sono por noite. Foram avaliadas as respostas do sistema nervoso a estímulos elétricos e a laser, com foco nos chamados “potenciais evocados nociceptivos”, que indicam como o cérebro responde à dor.

O cérebro com enxaqueca reage diferente ao sono ruim

Os resultados mostraram que pessoas com enxaqueca apresentaram uma diferença significativa na forma como seus cérebros habituam-se aos estímulos dolorosos após dormir pouco. Em termos simples, elas se tornaram mais sensíveis à dor depois de noites mal dormidas. Essa reação foi observada principalmente nos estímulos elétricos, sugerindo que o sono insuficiente pode intensificar os mecanismos cerebrais relacionados à percepção da dor.

Além disso, mesmo após noites de sono normal, os pacientes com enxaqueca já mostravam menor capacidade de adaptação aos estímulos dolorosos em comparação com pessoas sem enxaqueca. Isso indica que o cérebro de quem sofre com a condição já é, por natureza, mais vulnerável a alterações sensoriais — e o sono ruim só piora essa sensibilidade.

Dormir mal causa enxaqueca?

Embora o estudo não afirme diretamente que dormir pouco causa enxaqueca, ele aponta uma relação clara entre o sono insuficiente e o aumento da reatividade cerebral à dor. Isso significa que noites mal dormidas podem deixar o cérebro mais suscetível a crises de enxaqueca em quem já tem predisposição.

Por outro lado, essa ligação também sugere que cuidar da qualidade do sono pode ser uma estratégia eficaz na prevenção de crises, especialmente nos períodos entre os ataques. O descanso adequado ajuda a estabilizar o funcionamento cerebral e reduzir a sensibilidade ao estímulo doloroso.

A enxaqueca impede um sono reparador?

A dor intensa e os sintomas associados à enxaqueca — como náuseas, sensibilidade à luz e ao som — podem tornar difícil pegar no sono ou manter um descanso contínuo durante a noite. Isso cria um ciclo vicioso: a dor afeta o sono e o sono ruim, por sua vez, aumenta o risco de novas crises.

É por isso que muitos especialistas recomendam a adoção de uma rotina de sono regular, com horários fixos, ambiente escuro e silencioso, e técnicas de relaxamento para melhorar a qualidade do descanso.

Como quebrar o ciclo entre enxaqueca e sono ruim?

Para quem sofre com enxaqueca, priorizar o sono deve ser parte essencial do tratamento preventivo. Além de seguir boas práticas de higiene do sono, é importante manter um diário para identificar gatilhos relacionados ao descanso e discutir estratégias com o neurologista.

Em resumo, o estudo confirma que existe uma ligação bidirecional entre sono ruim e enxaqueca. Cuidar de um ajuda a aliviar o outro. Afinal, dormir bem pode ser uma das melhores formas de manter a dor de cabeça longe.