Exposição ao sol na infância reduz o risco de recaída em crianças com esclerose múltipla, diz estudo

Exposição ao sol durante o primeiro ano de vida e no período pré-natal está associada a um menor risco de recaídas em crianças com esclerose múltipla (EM) de início pediátrico

Um novo estudo publicado na revista Neurology aponta que a exposição ao sol durante o primeiro ano de vida e no período pré-natal está associada a um menor risco de recaídas em crianças com esclerose múltipla (EM) de início pediátrico. O trabalho, liderado pela Dra. Gina Chang, do Hospital Infantil da Filadélfia, reforça o papel da luz solar e da vitamina D no desenvolvimento e progressão da doença.

O que é esclerose múltipla pediátrica?

A esclerose múltipla (EM) é uma condição autoimune crônica que afeta o sistema nervoso central. Embora seja mais comum em adultos, entre 3% e 5% dos casos têm início antes dos 18 anos. Nessas crianças e adolescentes, a progressão da doença costuma ser mais agressiva, com maiores taxas de recaídas e evolução precoce para a incapacidade.

Benefícios da exposição solar no início da vida

Segundo o estudo, crianças que passaram ao menos 30 minutos por dia no sol durante o verão do primeiro ano de vida apresentaram 33% menos risco de recaídas. O mesmo efeito protetor foi observado em bebês cujas mães se expuseram ao sol por pelo menos 30 minutos diários durante o segundo trimestre da gestação.

A pesquisa avaliou 334 pacientes entre 4 e 21 anos, todos diagnosticados com EM ou síndrome clinicamente isolada antes dos 18 anos. Durante o período de acompanhamento (mediana de 3,3 anos), 62% tiveram ao menos uma recaída. A exposição solar precoce, no entanto, esteve diretamente associada a uma evolução mais estável da doença.

Luz solar, vitamina D e sistema imunológico

A radiação ultravioleta (UV) estimula a produção de vitamina D, um nutriente com papel essencial na modulação do sistema imune. Estudos anteriores já indicavam que baixos níveis de vitamina D estavam relacionados a maior risco de desenvolvimento de EM e piora dos sintomas. O novo estudo aprofunda essa relação ao focar em períodos críticos do desenvolvimento imunológico, como a gestação e o primeiro ano de vida.

Curiosidades e contrapontos

Embora a exposição ao sol precoce mostre efeitos positivos, os pesquisadores notaram um aumento de 37% no risco de recaída em crianças nascidas no verão. A hipótese é que recém-nascidos nessa estação sejam mantidos longe do sol por precaução, reduzindo sua exposição efetiva à luz solar.

Outro ponto observado foi que crianças em tratamentos modificadores de doença (DMTs) de alta eficácia pareciam ter mais recaídas. Isso pode ser explicado por causalidade reversa: os tratamentos mais fortes são geralmente usados em pacientes com casos mais graves.

Recomendações e cuidados

Apesar dos benefícios apontados, a exposição solar deve ser feita com responsabilidade, respeitando o tempo seguro ao sol e o uso adequado de protetor solar após o período ideal de absorção de vitamina D. Consultar um pediatra ou neurologista é fundamental para orientar a rotina de exposição solar em crianças com EM.

Conclusão

A exposição controlada ao sol nos primeiros momentos da vida pode representar uma estratégia simples e natural para reduzir o risco de recaídas em crianças com esclerose múltipla. Esse estudo destaca a importância da prevenção precoce e do papel do ambiente no desenvolvimento da imunidade, abrindo portas para novas abordagens no cuidado com pacientes pediátricos com EM.