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Priscila Emery

Fadiga na esclerose múltipla: prevalência global e impactos na qualidade de vida




A fadiga é um dos sintomas mais debilitantes para pessoas com esclerose múltipla (EM), afetando significativamente sua qualidade de vida e produtividade. Apesar de diversos estudos terem investigado a prevalência da fadiga em pacientes com EM, ainda faltava um consenso global sobre os dados até agora. Recentemente, uma revisão sistemática e meta-análise trouxe informações valiosas sobre o tema.


Um sintoma comum e subdiagnosticado

A esclerose múltipla é uma doença autoimune crônica que atinge o sistema nervoso central. Entre os vários sintomas, a fadiga é um dos mais relatados, presente em 59,1% dos pacientes de acordo com o estudo mais recente. Este número varia dependendo de fatores como idade, sexo, duração da doença e grau de incapacidade.


A fadiga na EM é diferente do cansaço comum. Ela pode ser persistente, não aliviada pelo descanso e impactar atividades cotidianas, relações sociais e capacidade de trabalho.


Principais descobertas da pesquisa


1.     Prevalência por perfil de paciente:A fadiga é mais prevalente em mulheres, indivíduos com menor nível de escolaridade, pacientes mais velhos e aqueles com um longo histórico da doença ou maior grau de incapacidade.

2.     Tendências ao longo do tempo:Desde o ano 2000, a prevalência de fadiga vem diminuindo gradualmente. Isso pode estar relacionado a avanços no tratamento da EM e maior conscientização sobre o manejo dos sintomas.

3.     Instrumentos de medição de fadiga:A maior fonte de heterogeneidade entre os estudos foi a variedade de escalas utilizadas para medir a fadiga. A falta de padronização dificulta a comparação entre resultados e destaca a necessidade de consenso sobre as melhores ferramentas de triagem.


O impacto da fadiga na qualidade de vida

A fadiga relacionada à EM não é apenas um problema físico; ela também tem impactos emocionais e sociais profundos. Muitos pacientes relatam dificuldades em manter suas rotinas diárias, trabalho e interações sociais, levando a sentimentos de isolamento e frustração. A gestão eficaz desse sintoma é essencial para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.


Estratégias para gerenciar a fadiga na EM

Os profissionais de saúde têm um papel crucial no rastreamento precoce e no manejo da fadiga em pacientes com EM. Algumas estratégias eficazes incluem:


  • Intervenções multidisciplinares: Envolver neurologistas, fisioterapeutas e psicólogos para abordar os diferentes aspectos da fadiga.

  • Terapias farmacológicas e não farmacológicas: Medicamentos específicos podem ajudar, mas mudanças no estilo de vida, como exercícios regulares, também são eficazes.

  • Educação e apoio ao paciente: Informar pacientes sobre o impacto da fadiga e fornecer ferramentas para autogerenciamento pode melhorar significativamente os resultados.


O caminho para um diagnóstico melhor

A alta heterogeneidade nas escalas de medição de fadiga aponta para a necessidade de padronização. A adoção de ferramentas amplamente reconhecidas permitirá um diagnóstico mais preciso e tratamentos mais direcionados.


Conclusão

A fadiga é um sintoma prevalente e debilitante em pacientes com esclerose múltipla, afetando mais da metade dos casos. Entender os fatores associados e adotar estratégias eficazes de manejo pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes e reduzir os impactos sociais e econômicos da doença. Com o avanço na padronização de ferramentas de triagem, espera-se que os profissionais de saúde possam oferecer cuidados ainda mais eficazes no futuro.

 

Referência: YI, X. et al. Global prevalence of fatigue in patients with multiple sclerosis: a systematic review and meta-analysis. Frontiers in neurology, v. 15, p. 1457788, 2024.

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