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Priscila Emery

Demência na Doença de Parkinson: menor incidência e desenvolvimento mais lento




A demência associada à doença de Parkinson (DP) é uma complicação cognitiva grave, mas novos estudos sugerem que ela é menos frequente e se desenvolve de forma mais lenta do que pesquisas anteriores indicavam. Essa conclusão foi baseada em uma análise de dois estudos publicados na Neurology, que revelaram novos dados sobre o risco e o tempo de desenvolvimento da demência em pacientes com Parkinson.


A Prevalência da Demência na Doença de Parkinson

Estatísticas frequentemente citadas indicam que cerca de 80% dos pacientes com Parkinson eventualmente desenvolvem demência. No entanto, dados mais recentes lançam dúvidas sobre essa alta prevalência. A pesquisa, conduzida por um grupo da Parkinson’s Progression Markers Initiative (PPMI) e da Universidade da Pensilvânia (Penn), sugere que a taxa de demência na DP pode ser significativamente mais baixa do que se pensava, particularmente em pacientes diagnosticados em estágios iniciais da doença.


Dados dos Estudos: PPMI e Penn

O estudo utilizou dados de duas coortes: a PPMI, uma iniciativa internacional de pesquisa, e a coorte da Universidade da Pensilvânia. No PPMI, com 417 participantes, a taxa geral de demência foi de 8,5% durante um acompanhamento de 10 anos. Já no estudo da Penn, que envolveu 389 pacientes, a taxa de demência foi de 47,3%, com um tempo médio de 15,2 anos desde o diagnóstico de Parkinson até o desenvolvimento da demência.

Esses números contrastam com a estimativa amplamente difundida de que 80% dos pacientes com Parkinson desenvolvem demência, sugerindo que o risco real pode ser menor e a progressão mais lenta, oferecendo um período mais longo para intervenção e tratamento preventivo.


Fatores de Risco para o Desenvolvimento de Demência

O estudo também identificou fatores que influenciam o risco de desenvolvimento de demência entre pacientes com Parkinson:


  1. Idade ao Diagnóstico: Pacientes diagnosticados com Parkinson antes dos 56 anos apresentaram um tempo médio de 19,4 anos até o início da demência. Para aqueles diagnosticados entre 56 e 70 anos, esse tempo foi de 14,6 anos. Pacientes diagnosticados após os 70 anos desenvolveram demência em média 9,2 anos após o diagnóstico.

  2. Gênero: Homens foram identificados com um risco maior de desenvolver demência mais cedo em comparação às mulheres. No estudo, o tempo médio para o desenvolvimento da demência foi de 13,3 anos para homens, contra 19,4 anos para mulheres.

  3. Educação: Níveis mais altos de escolaridade foram associados a um desenvolvimento mais lento da demência. Pacientes com mais de 13 anos de educação apresentaram um tempo médio de 15,2 anos até o início da demência, enquanto aqueles com menos de 13 anos desenvolveram a condição em média 11,6 anos após o diagnóstico.


Esses fatores sugerem que intervenções preventivas podem ser direcionadas de maneira mais eficaz, considerando o perfil do paciente, como idade, gênero e nível educacional.


Oportunidade para Intervenção

Os resultados deste estudo oferecem uma perspectiva mais otimista para os pacientes com Parkinson. Embora a demência seja uma complicação séria da DP, a taxa reduzida e o tempo mais prolongado até o seu desenvolvimento indicam que há uma janela maior para intervenções preventivas e tratamentos que possam retardar o declínio cognitivo.

Com base nesses dados, médicos e pesquisadores podem focar em estratégias para prevenir ou adiar a demência, como estimular a atividade cognitiva, promover hábitos de vida saudáveis e monitorar de perto os fatores de risco. Além disso, o apoio a pesquisas sobre a relação entre a educação e a progressão da demência pode abrir novas possibilidades de tratamento.


Conclusão

A demência na doença de Parkinson, embora séria, pode ocorrer menos frequentemente e mais tarde do que se acreditava anteriormente. Os resultados atualizados trazem esperança para pacientes e profissionais de saúde, indicando que há tempo para agir e adotar medidas preventivas que podem melhorar a qualidade de vida e atrasar a progressão do declínio cognitivo. Ao identificar e tratar precocemente os fatores de risco, é possível minimizar os impactos da demência e oferecer um cuidado mais eficaz aos pacientes com Parkinson.

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