A esclerose múltipla (EM) é uma doença autoimune crônica que afeta o sistema nervoso central, e estudos recentes têm explorado sua relação com o risco de câncer. Pesquisas apontam que pessoas com EM apresentam um risco ligeiramente aumentado de desenvolver câncer, especialmente em alguns tipos específicos. A seguir, detalhamos os principais achados sobre o tema.
Prevalência de câncer em pacientes com esclerose múltipla
Um estudo de coorte realizado entre 2012 e 2021 analisou dados de mais de 140 mil pessoas com EM, comparando-as a mais de 560 mil pessoas sem a doença. Durante um acompanhamento médio de 7,6 anos, foi observado que 5,9% das pessoas com EM desenvolveram câncer, em comparação com 5,7% na população geral. Apesar de a diferença ser pequena, ela é significativa e apresenta variações dependendo do tipo de câncer e do perfil do paciente.
Tipos de câncer com maior e menor risco
Pessoas com EM demonstraram maior risco para os seguintes tipos de câncer:
Bexiga: risco 71% maior (HR, 1,71).
Cérebro e Sistema Nervoso Central (SNC): risco 68% maior (HR, 1,68).
Cervical: risco 24% maior (HR, 1,24).
Rim: risco 16% maior (HR, 1,16).
Por outro lado, houve uma redução no risco para alguns tipos de câncer:
Próstata: risco 20% menor (HR, 0,80).
Colorretal: risco 10% menor (HR, 0,90).
Mama: risco 9% menor (HR, 0,91).
Esses resultados sugerem que fatores específicos, como alterações imunológicas ou efeitos colaterais de tratamentos para EM, podem influenciar o desenvolvimento de diferentes tipos de câncer.
Idade e risco de câncer em pacientes com EM
O estudo também revelou que o risco de câncer é mais alto em pacientes com menos de 55 anos. Nessa faixa etária, o risco é 20% maior em comparação à população geral. Entretanto, em pessoas com 65 anos ou mais, o risco é 11% menor. Esses dados indicam que o impacto da EM no risco de câncer pode diminuir com o envelhecimento.
Fatores associados ao risco de câncer na EM
Vários fatores podem influenciar o aumento do risco de câncer em pessoas com EM, incluindo:
Moduladores Imunológicos: Os tratamentos usados para controlar a EM podem alterar o sistema imunológico e contribuir para o risco de câncer.
Viés de Vigilância: Pacientes com EM frequentemente realizam mais exames e monitoramentos médicos, o que pode aumentar a detecção de cânceres.
Fatores Imunológicos: A natureza autoimune da EM pode criar um ambiente propício para o desenvolvimento de certos tipos de câncer.
Considerações para pacientes e profissionais de saúde
Embora o aumento no risco de câncer em pessoas com EM seja modesto, ele destaca a importância do rastreamento regular e da prevenção personalizada. Algumas medidas que podem ser adotadas incluem:
Exames de triagem: Pacientes com EM devem seguir as recomendações gerais para detecção precoce de câncer, com atenção especial para os tipos mais comuns.
Estilo de vida saudável: Manter uma dieta equilibrada, praticar exercícios físicos e evitar o tabagismo pode reduzir o risco de câncer e melhorar a saúde geral.
Monitoramento de tratamentos: Profissionais de saúde devem considerar os efeitos de longo prazo dos medicamentos imunomoduladores usados no tratamento da EM.
Conclusão
O risco de câncer em pessoas com esclerose múltipla é um tema complexo, com fatores imunológicos, tratamentos e monitoramentos desempenhando papéis importantes. Apesar de o risco ser apenas ligeiramente maior na maioria dos casos, a detecção precoce e a adoção de hábitos saudáveis podem fazer uma diferença significativa. Mais pesquisas são necessárias para esclarecer os mecanismos por trás dessa relação e otimizar o manejo de pacientes com EM.
Referência: SCHETTINI, A. Multiple sclerosis and cancer risk: What is the relationship? Disponível em: <https://www.neurologyadvisor.com/news/multiple-sclerosis-and-cancer-risk-what-is-the-relationship/?utm_source=eloqua&utm_medium=email&utm_campaign=NWLTR_NEU_UPDT_SS-LI-LAS-DI-PP_myCME-9521_112624_FK&hmemail=SbGEGCT%2FClItIG%2BOxiMnyzIZDo7e%2Fi8h&sha256email=10d5cb465d3525671b3f7d141b199dcc46d8369b738f3524613e2bbac4bae204&hmsubid=&nid=&elqtrack=True>. Acesso em: 11 dez. 2024.
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