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Contraceptivos hormonais e enxaqueca: novo estudo mostra que o risco vascular pode ser menor do que se pensava

  • Foto do escritor: Priscila Emery
    Priscila Emery
  • 7 de out.
  • 3 min de leitura
A nova evidência publicada na Neurology reforça que os contraceptivos hormonais combinados contendo estrogênio podem ser mais seguros do que se pensava para mulheres jovens com enxaqueca.
A nova evidência publicada na Neurology reforça que os contraceptivos hormonais combinados contendo estrogênio podem ser mais seguros do que se pensava para mulheres jovens com enxaqueca.

Durante anos, o uso de contraceptivos hormonais combinados (CHCs) foi visto com cautela em mulheres que sofrem de enxaqueca com aura, devido ao risco aumentado de acidente vascular cerebral (AVC) e outros eventos vasculares.Mas novas evidências sugerem que essa relação pode não ser tão direta quanto se acreditava.


O que o novo estudo revelou


Pesquisadores apresentaram na Reunião Anual da Academia Americana de Neurologia (AAN) de 2025, em San Diego, um estudo que analisou mulheres entre 18 e 45 anos com diagnóstico de enxaqueca. O objetivo foi investigar se o uso de CHCs contendo estrogênio realmente aumenta os riscos vasculares nessas pacientes.

Os resultados, publicados na revista Neurology, surpreenderam:

O uso de contraceptivos hormonais combinados não foi associado a um aumento do risco vascular em mulheres com enxaqueca, com ou sem aura.

Como o estudo foi conduzido


Os pesquisadores utilizaram um grande banco de dados de registros eletrônicos de saúde (EHR), analisando mulheres com histórico de consultas médicas e prescrição de medicamentos para enxaqueca.Foram incluídas 5.535 usuárias de CHCs e 21.520 não usuárias.


O desfecho composto avaliou eventos como:

  • Acidente vascular cerebral isquêmico agudo (AVC);

  • Infarto agudo do miocárdio (IAM);

  • Trombose venosa profunda (TVP);

  • Embolia pulmonar (EP);

  • Administração de tratamento trombolítico intravenoso.


Entre as participantes, 2,06% das usuárias e 2,54% das não usuárias apresentaram algum evento vascular — uma diferença não estatisticamente significativa.


Aura ainda é um fator de risco — mas não por causa do contraceptivo


O estudo também comparou mulheres com enxaqueca com aura e sem aura.Entre as não usuárias de CHCs, a presença de aura esteve associada a um risco significativamente maior de AVC isquêmico e outros eventos vasculares.


Isso reforça que a aura em si é um marcador de risco, independente do uso de contraceptivos hormonais.Ou seja: o fator de risco principal está na própria enxaqueca com aura, não no uso dos CHCs modernos.


Por que essa descoberta é importante


Durante décadas, as diretrizes clínicas recomendaram evitar contraceptivos com estrogênio em mulheres com enxaqueca com aura — especialmente por medo de AVC.No entanto, os novos contraceptivos combinados têm doses muito mais baixas de estrogênio, o que pode explicar os resultados mais seguros observados agora.


Segundo os pesquisadores, os dados do mundo real sugerem a necessidade de reavaliar as recomendações atuais, considerando que muitas mulheres jovens com enxaqueca são privadas de métodos contraceptivos eficazes e seguros por medo de complicações que talvez não se confirmem com os produtos modernos.


O que isso significa na prática


Para as mulheres com enxaqueca, especialmente com aura, este estudo traz uma mensagem de cauteloso otimismo:


  • O uso de contraceptivos hormonais modernos não mostrou aumento significativo do risco vascular;

  • A decisão deve ser individualizada, levando em conta o histórico de cada paciente;

  • É essencial manter acompanhamento médico regular e discutir abertamente os riscos e benefícios com o neurologista e o ginecologista.


Conclusão


A nova evidência publicada na Neurology reforça que os contraceptivos hormonais combinados contendo estrogênio podem ser mais seguros do que se pensava para mulheres jovens com enxaqueca.A aura continua sendo um fator de atenção, mas o estrogênio dos CHCs, ao menos nas doses atuais, não parece aumentar o risco vascular.

Essa descoberta representa um avanço importante na personalização dos cuidados e na autonomia reprodutiva das mulheres com enxaqueca.

 
 
 

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Neurologista - CRM 26635 - RQE 15534

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