Fragilidade em pacientes neurológicos: o que médicos e cuidadores precisam saber
- Priscila Emery
- 25 de abr.
- 2 min de leitura

Embora seja tradicionalmente associada à geriatria, ela tem impacto direto no manejo de doenças neurológicas, como demência, Parkinson, AVC e esclerose múltipla (EM)
A fragilidade é uma condição clínica caracterizada pela diminuição da reserva fisiológica e aumento da vulnerabilidade a estressores. Embora seja tradicionalmente associada à geriatria, ela tem impacto direto no manejo de doenças neurológicas, como demência, Parkinson, AVC e esclerose múltipla (EM). Com a população global envelhecendo rapidamente, entender e integrar a avaliação da fragilidade no cuidado neurológico se tornou essencial.
O que é fragilidade e por que ela importa na neurologia?
A fragilidade não é uma condição binária — não se trata apenas de estar frágil ou não. Ela existe em graus variados, do leve ao grave, e influencia profundamente o diagnóstico, prognóstico e planejamento terapêutico. Segundo especialistas, muitos sintomas típicos da fragilidade, como fadiga, lentidão cognitiva e fraqueza, podem mascarar ou imitar sinais neurológicos, dificultando diagnósticos precisos.
Além disso, pacientes frágeis tendem a responder pior a tratamentos agressivos e apresentam menor capacidade de recuperação. Isso se aplica especialmente em situações como reabilitação pós-AVC ou uso de medicamentos dopaminérgicos na doença de Parkinson, que podem causar efeitos colaterais mais intensos em indivíduos com maior grau de fragilidade.
Impacto da fragilidade em distúrbios neurológicos
Estudos mostram que a fragilidade está associada a piores desfechos clínicos em diversas condições neurológicas:
Demência: a fragilidade pode tanto aumentar o risco de desenvolvimento quanto acelerar a progressão da doença.
Parkinson: sintomas motores da fragilidade, como instabilidade e lentidão, potencializam os desafios da doença.
AVC: indivíduos frágeis têm maior risco de complicações pós-acidente vascular e recuperação funcional mais lenta.
Esclerose múltipla: a fragilidade afeta a mobilidade, autocuidado e recuperação após recaídas.
Como avaliar a fragilidade em pacientes neurológicos
O reconhecimento precoce da fragilidade pode transformar o cuidado neurológico. Ferramentas como o Fenótipo de Fried, a Escala Clínica de Fragilidade (CFS) e o Índice de Fragilidade (FI) são amplamente utilizadas para quantificar esse risco. Além disso, tecnologias emergentes, como sensores vestíveis e modelos de inteligência artificial, prometem trazer objetividade e agilidade à triagem da fragilidade.
Segundo especialistas, a avaliação de fragilidade deveria ser padrão na neurologia, especialmente considerando que muitos pacientes neurológicos não são idosos, mas apresentam comorbidades que os tornam vulneráveis.
Desafios e diretrizes futuras
Apesar da sua importância, a fragilidade ainda é subavaliada na prática neurológica. As diretrizes da Academia Americana de Neurologia (AAN) abordam temas relacionados ao envelhecimento, mas ainda não oferecem protocolos específicos para avaliação de fragilidade. Isso representa uma lacuna, especialmente em ensaios clínicos que não incluem pacientes frágeis, tornando os resultados menos aplicáveis à população geral.
Conclusão
Reconhecer e avaliar a fragilidade em pacientes neurológicos é fundamental para garantir tratamentos mais eficazes, humanizados e seguros. Incorporar essa avaliação ao atendimento clínico pode melhorar a qualidade de vida, reduzir complicações e orientar decisões mais alinhadas ao estado funcional do paciente. Médicos, cuidadores e profissionais da saúde devem se atualizar sobre o tema e integrar essa prática em seu dia a dia clínico.
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