Sinais precoces de esclerose múltipla em crianças: sintomas anos antes do diagnóstico
- Priscila Emery
- 3 de set.
- 2 min de leitura

A esclerose múltipla (EM) pediátrica pode se manifestar silenciosamente anos antes do diagnóstico formal. Estudos recentes mostram que crianças e adolescentes apresentam uma série de sintomas e condições médicas até cinco anos antes do primeiro diagnóstico de EM, oferecendo uma oportunidade de detecção precoce e monitoramento cuidadoso.
Sintomas e diagnósticos comuns antes da EM
Um estudo de base populacional, publicado no JAMA Network Open, analisou 1.091 crianças com EM e comparou com 10.910 controles sem EM e 1.068 crianças com artrite idiopática juvenil (AIJ). Os pesquisadores identificaram nove códigos da CID-10 significativamente mais frequentes em crianças que desenvolveriam EM:
Obesidade
Distúrbios de refração ocular e acomodação
Distúrbios visuais
Gastrite e duodenite
Distúrbios da patela
Anormalidades cardíacas
Flatulência
Distúrbios da sensação de pele
Tontura e vertigem
Dentre esses, quatro sintomas se destacaram por serem particularmente prevalentes entre crianças com EM em comparação com controles com AIJ:
Obesidade (OR ajustado 3,19)
Distúrbios de refração e acomodação (OR ajustado 3,08)
Distúrbios visuais (OR ajustado 1,62)
Distúrbios da sensação de pele (OR ajustado 27,70)
Esses achados indicam que alterações neurológicas sutis e condições físicas específicas podem preceder o diagnóstico de EM, alertando pais, pediatras e neurologistas sobre sinais de atenção.
Importância da detecção precoce
Identificar sinais precoces da EM é fundamental porque:
Permite monitoramento neurológico antecipado
Facilita intervenções terapêuticas precoces
Ajuda a diferenciar EM de outras condições pediátricas, como AIJ
Contribui para melhor prognóstico e manejo da doença
Segundo os pesquisadores, este estudo é pioneiro ao examinar sistematicamente diagnósticos médicos anos antes da EM em crianças, fornecendo um panorama detalhado de sinais de alerta que podem orientar a prática clínica.
O papel dos profissionais de saúde
Pediatras e especialistas devem estar atentos a sintomas que aparentemente parecem comuns, mas que, quando combinados, podem indicar risco aumentado de EM:
Queixas visuais persistentes ou dificuldades de acomodação ocular
Alterações sensoriais na pele, como formigamento ou perda de sensibilidade
Obesidade associada a outros sinais neurológicos
Queixas gastrointestinais recorrentes ou não explicadas
Uma avaliação neurológica detalhada em crianças com múltiplos desses sinais pode ajudar na detecção precoce e no planejamento de acompanhamento especializado.
Conclusão
A esclerose múltipla em crianças pode ser precedida por diversos sintomas e diagnósticos clínicos anos antes da confirmação do quadro. Reconhecer sinais como distúrbios visuais, alterações sensoriais e obesidade pode permitir intervenção mais rápida e manejo adequado, melhorando a qualidade de vida a longo prazo.
Pais, cuidadores e profissionais de saúde devem estar atentos aos sinais sutis e considerar encaminhamento a um neurologista pediátrico quando houver múltiplos sintomas associados. A detecção precoce é essencial para reduzir o impacto da doença e otimizar o acompanhamento clínico.




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