
O aumento das temperaturas extremas, tanto de calor quanto de frio, tem sido associado ao aumento do risco de mortes por AVCs isquêmicos e hemorrágicos. Estudos recentes apontam que essas condições climáticas são um fator significativo para o aumento da mortalidade relacionada a esses eventos vasculares, especialmente em países com baixos índices de Produto Interno Bruto (PIB) per capita.
O estudo, publicado em maio de 2023 na revista Stroke, foi conduzido por Barrak Alahmad, médico e doutor pela Harvard T.H. Chan School of Public Health, em colaboração com uma equipe internacional de pesquisadores. O objetivo da pesquisa foi analisar a relação entre as temperaturas extremas e as mortes por AVC em 522 cidades, distribuídas por 25 países ao redor do mundo.
A pesquisa incluiu dados de 3.443.969 mortes por AVC isquêmico e 2.454.267 mortes por AVC hemorrágico. O estudo revelou que os dias de temperaturas extremas – tanto muito frias quanto muito quentes – resultaram em um aumento significativo nas mortes relacionadas a esses tipos de acidente vascular cerebral. Especificamente, os dias mais frios contribuíram para 9,1 mortes adicionais por cada 1.000 mortes de AVC isquêmico, e 11,2 mortes adicionais por cada 1.000 mortes de AVC hemorrágico. Já os dias de calor intenso geraram 2,2 mortes adicionais por cada 1.000 mortes de AVC isquêmico, e 0,7 mortes adicionais por cada 1.000 mortes de AVC hemorrágico.
O estudo também revelou que países com PIB per capita mais baixo enfrentam um risco significativamente maior de mortes por AVC hemorrágico devido ao calor. Esse fator é crucial, pois os países com menor desenvolvimento econômico muitas vezes têm menos infraestrutura e recursos para lidar com os efeitos das mudanças climáticas extremas. A combinação de condições de saúde mais frágeis e a falta de medidas preventivas torna essas populações mais vulneráveis.
Em termos de prevenção, o aumento das temperaturas e o impacto das mudanças climáticas exigem que governos, instituições de saúde e comunidades estejam mais atentos aos riscos do calor e do frio extremo, implementando estratégias que minimizem os efeitos desses fenômenos nas populações mais vulneráveis. A conscientização sobre a importância da hidratação, o controle das condições de moradia e a criação de políticas públicas que ajudem as populações a lidar com esses extremos são passos essenciais para reduzir as taxas de mortalidade por AVCs.
A pesquisa destaca, ainda, que o impacto das temperaturas extremas tende a aumentar com o tempo. À medida que as mudanças climáticas causam o aumento de eventos climáticos extremos, o número de mortes por AVC também pode crescer, especialmente nos países de baixa e média renda. O estudo alerta que a disparidade entre os países ricos e os mais pobres em termos de mortalidade por AVC pode aumentar, com os países mais desenvolvidos sendo mais capazes de mitigar os impactos do calor extremo do que os países em desenvolvimento.
Em resumo, a relação entre temperaturas extremas e o aumento da mortalidade por AVC é uma preocupação crescente, principalmente em um contexto de mudanças climáticas. A prevenção, o monitoramento constante e o desenvolvimento de políticas públicas mais eficazes são fundamentais para reduzir esse risco, especialmente em países com menor capacidade econômica. A saúde pública global precisa considerar esses fatores ao planejar as ações contra os efeitos das mudanças climáticas e as doenças relacionadas.
Palavras-chave: Temperaturas extremas, AVC isquêmico, AVC hemorrágico, mudanças climáticas, mortalidade, risco de stroke, saúde pública, prevenção de AVC, países com baixo PIB, aquecimento global.
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