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Como crenças dos pacientes afetam a incapacidade relacionada à enxaqueca

  • Foto do escritor: Priscila Emery
    Priscila Emery
  • 12 de nov.
  • 2 min de leitura

Entendendo a relação entre mente, enxaqueca e qualidade de vida
Entendendo a relação entre mente, enxaqueca e qualidade de vida


A enxaqueca não envolve apenas dor: ela pode impactar severamente a vida do paciente, comprometendo trabalho, lazer, relações e saúde mental. Um estudo recente investigou como fatores modificáveis — como crença de autoeficácia, locus de controle e distorções cognitivas — se relacionam com a incapacidade causada por enxaqueca.


O que os pesquisadores investigaram


Foram avaliados 147 pacientes de três serviços especializados em cefaleias no Brasil. Cada participante respondeu a questionários que mensuraram:


  • crença de autoeficácia no manejo da enxaqueca;

  • locus de controle (se acreditavam que o controle da dor dependia deles ou de fatores externos);

  • distorções cognitivas relacionadas à dor;

  • sintomas de depressão e ansiedade;

  • frequência e intensidade da enxaqueca;

  • incapacidade funcional relacionada à dor de cabeça.


Principais descobertas


  • Quanto mais altas as distorções cognitivas (como pensamento catastrófico ou sensação de falta de controle), maior a frequência da dor, maior a intensidade dos episódios e maior a incapacidade declarada.

  • Por outro lado, autoeficácia — a crença de que a pessoa pode gerenciar sua própria doença — mostrou correlação negativa: ou seja, maiores níveis de autoeficácia estão associados a menor gravidade clínica e menor incapacidade.

  • Pacientes com enxaqueca crônica apresentaram significativamente mais distorções cognitivas, maior tendência a acreditar que o controle dependia da sorte ou de outros (locus de controle externo), e níveis mais baixos de autoeficácia, em comparação com aqueles com enxaqueca episódica.


Por que isso é relevante para tratamento e suporte


Esses achados destacam que aspectos psicológicos e crenças pessoais são fatores importantes no impacto da enxaqueca sobre a vida diária. Em vez de focar somente em medicamentos ou frequência de crises, o cuidado integral da enxaqueca deve considerar:


  • avaliação da autoeficácia do paciente;

  • identificação de crenças que reforçam a sensação de incapacidade (“não tenho controle”, “isso sempre vai acontecer”);

  • intervenções que visem reduzir distorções cognitivas, como terapia cognitivo-comportamental ou treinamento em manejo da dor;

  • atenção especial a pacientes com enxaqueca crônica, que apresentam perfil psicológico mais vulnerável.


Estratégias práticas para pacientes e profissionais


  1. Avaliação psicossocial: perguntar sobre crenças, expectativas e sentimentos em relação à dor;

  2. Educação em autoeficácia: capacitar o paciente para reconhecer gatilhos, aplicar estratégias de autocuidado e sentir-se localizado no objetivo do tratamento;

  3. Gerenciamento de distorções cognitivas: por exemplo, identificar pensamentos como “Se esta dor aparece, minha vida acabará” e reformulá-los;

  4. Monitoramento da frequência e intensidade da dor, juntamente com as crenças e emoções associadas — isso ajuda a compreender melhor o impacto funcional;

  5. Tratamento integrado: neurologista, psicólogo/psiquiatra e terapeuta ocupacional trabalhando juntos para reduzir tanto a dor quanto a incapacidade.


Conclusão


A pesquisa mostra que as crenças dos pacientes com enxaqueca têm papel decisivo na forma como a doença afeta a vida — mais do que apenas a frequência de crises ou a intensidade da dor. Reconhecer e trabalhar aspectos como autoeficácia, controle percebido e distorções cognitivas pode reduzir a incapacidade relacionada à enxaqueca e melhorar a qualidade de vida.


Se você convive com enxaqueca, reflita: você acredita que pode controlar sua dor? Ou sente que está à mercê dela? Conversar com seu neurologista sobre essas crenças pode ser o primeiro passo para um tratamento mais completo — e mais humano.

 
 
 

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Neurologista - CRM 26635 - RQE 15534

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