Mães com Esclerose Múltipla têm maior risco de doenças mentais no período periparto
- Priscila Emery
- há 3 horas
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Entendendo o que é “periparto” e por que isso importa
O termo periparto inclui o período que vai desde a gravidez até o primeiro ano após o nascimento do bebê. Durante esse tempo, o corpo, a mente e o contexto familiar passam por profundas transformações — o que torna essa fase crítica para a saúde mental.
Um novo estudo publicado no periódico Neurology e reportado pela fonte Neurology Advisor mostrou que mães com esclerose múltipla enfrentam maior incidência e prevalência de transtornos mentais nesse período, comparadas a mães sem EM.
Principais achados: risco aumentado de doenças mentais em mães com EM
Entre as mulheres com EM, 8,4% apresentaram pelo menos um episódio de doença mental durante o pré-natal.
No primeiro ano após o parto, esse percentual subiu para 14,2%.
Em comparação com mulheres sem EM, o risco de desenvolver qualquer doença mental no período periparto foi aumentado em 26% durante a gravidez (razão de incidência 1,26) e em 33% no primeiro ano pós-parto (razão 1,33).
Além de depressão e ansiedade, as mães com EM apresentaram risco maior para quase todos os tipos de doença mental — com exceção de tentativa de suicídio.
Por que essa vulnerabilidade?
Alguns fatores ajudam a explicar por que a presença de EM pode elevar o risco de doença mental durante o periparto:
Estresse adicional: lidar com a EM, com sintomas neurológicos e tratamentos, ao mesmo tempo que se prepara para o parto, pode aumentar a carga emocional.
Mudanças hormonais e imunológicas: a gravidez provoca alterações no sistema imune e hormônios que podem influenciar tanto a EM quanto o estado psicológico.
Impacto materno-infantil: doenças mentais em mães podem afetar a amamentação, o vínculo com o bebê e o desenvolvimento infantil. Os autores alertam para esse efeito cascata.
Menos suporte ou menos visibilidade: mães que têm EM podem receber menos acompanhamento específico em saúde mental, ou ter seus sintomas atribuído apenas à carga da mãe ou da doença neurológica.
O que isso significa para você (ou para alguém que convive com EM)
Se você é mãe com EM ou está planejando uma gestação e tem EM, converse com seu neurologista e obstetra sobre acompanhamento de saúde mental no periparto.
Esteja atenta a sintomas como tristeza persistente, ansiedade elevada, falta de interesse nas atividades do dia-a-dia ou mudanças no comportamento de cuidar do bebê — não encare apenas como “cansaço normal”.
O apoio psicológico e o grupo de suporte podem fazer diferença: buscar terapia, participar de grupos de mães com EM ou com condições neurológicas pode oferecer suporte emocional e prático.
O acompanhamento da saúde mental não é secundário: quanto mais cedo identificado, melhor o desfecho para mãe e filho.
Lembre-se: não é culpa sua — a EM pode contribuir para esse risco aumentado, mas o tratamento e o suporte ajudam muito.
Conclusão
O estudo mostra um dado importante: a esclerose múltipla, além de afetar o sistema nervoso, também eleva o risco de doenças mentais no período da gestação e pós-parto — uma fase que exige atenção especial.
Reconhecer esse risco é o primeiro passo para ação proativa. Com o suporte certo, acompanhamento neurológico e psicológico, mães com EM podem atravessar o periparto com mais segurança, menos ansiedade e mais bem-estar.




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