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Depressão e Cérebro: alterações na matéria branca estão ligadas à perda cognitiva

  • Foto do escritor: Priscila Emery
    Priscila Emery
  • 30 de jul.
  • 3 min de leitura

Como a substância branca influencia a função cerebral em pacientes com depressão


Depressão e Cérebro: alterações na matéria branca estão ligadas à perda cognitiva
Depressão e Cérebro: alterações na matéria branca estão ligadas à perda cognitiva

Pesquisadores descobriram uma conexão direta entre alterações na matéria branca do cérebro e o comprometimento cognitivo em pessoas com transtorno depressivo maior (TDM). O estudo, publicado na Lancet Psychiatry, mostra que essas alterações estruturais no cérebro são mais frequentes em pacientes com depressão do que em indivíduos saudáveis — e estão associadas à piora da função cognitiva ao longo do tempo.


Esses achados reforçam a importância de investigar os efeitos neurológicos da depressão e indicam que o cuidado com a saúde mental vai muito além do humor: ele envolve, também, o funcionamento cerebral em nível físico.


O que é a substância branca do cérebro e por que ela importa?


A substância branca é composta por fibras nervosas cobertas por mielina, responsável por acelerar a comunicação entre diferentes regiões do cérebro. Ela é fundamental para a memória, atenção, raciocínio e outras funções cognitivas.


Quando a integridade dessa substância é comprometida — como observado em pacientes com TDM — o resultado pode ser um declínio gradual da capacidade cognitiva, afetando diretamente o dia a dia dessas pessoas.


Detalhes do estudo: o impacto da depressão na estrutura cerebral


O estudo analisou 881 participantes com idade entre 18 e 65 anos, dos quais 418 tinham diagnóstico de TDM e 463 eram indivíduos saudáveis. Ao longo de aproximadamente dois anos, os pesquisadores realizaram avaliações clínicas, testes neuropsicológicos e exames de imagem cerebral por ressonância magnética.


Os resultados mostraram que:

  • Pacientes com TDM apresentaram pior desempenho cognitivo desde o início do estudo, com queda contínua ao longo do tempo.

  • A integridade da substância branca se deteriorou mais rapidamente entre aqueles com depressão, especialmente nos casos de episódios agudos.

  • As alterações cerebrais foram diretamente associadas ao comprometimento cognitivo, independentemente de outros fatores.


Declínio cognitivo na depressão: mais do que tristeza


A depressão é muitas vezes vista como uma doença exclusivamente emocional. No entanto, este estudo comprova que ela também tem efeitos mensuráveis no cérebro. As dificuldades cognitivas — como perda de memória, lentidão no raciocínio e dificuldade de concentração — não são apenas sintomas subjetivos, mas refletem alterações físicas detectáveis no tecido cerebral.


Essas descobertas destacam a importância de tratamentos que não apenas aliviem os sintomas emocionais, mas também atuem na preservação da saúde cerebral.


Avanços no tratamento: novos alvos terapêuticos à vista


Os pesquisadores sugerem que a microestrutura da substância branca e a progressão da doença devem se tornar alvos prioritários para terapias futuras. Ou seja, novas abordagens no tratamento da depressão podem incluir estratégias para proteger ou restaurar a integridade cerebral.


Apesar das limitações do estudo — como o uso de dados autorrelatados e ausência de controle total sobre variáveis clínicas — os resultados são considerados robustos e oferecem um novo caminho para o tratamento da depressão com foco na função cognitiva.


Conclusão: saúde mental e saúde cerebral estão interligadas


A depressão não afeta apenas o humor — ela tem consequências profundas e duradouras sobre a estrutura e o funcionamento do cérebro. Alterações na substância branca, agora comprovadamente ligadas à perda cognitiva, reforçam a necessidade de um olhar mais amplo e integrado para o tratamento do transtorno depressivo maior.


Investir em diagnóstico precoce, acompanhamento contínuo e tratamentos inovadores é essencial para preservar tanto o bem-estar emocional quanto a saúde cognitiva dos pacientes.

 
 
 

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Neurologista - CRM 26635 - RQE 15534

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