Diabetes e Enxaqueca: existe uma relação entre as duas condições?
- Priscila Emery
- 30 de jul.
- 3 min de leitura

Entenda a conexão entre essas doenças comuns que afetam milhões de pessoas
Diabetes e enxaqueca são condições crônicas altamente prevalentes em todo o mundo. Ambas impactam significativamente a qualidade de vida, com sintomas que podem interferir nas atividades diárias, no bem-estar físico e na saúde mental. Mas será que existe uma relação entre essas duas doenças?
Uma recente revisão sistemática com meta-análise buscou responder essa pergunta. O estudo avaliou dezenas de pesquisas científicas com o objetivo de identificar se há uma associação estatística entre a presença de diabetes e a ocorrência de enxaqueca — e vice-versa. Os resultados são surpreendentes e abrem novas perspectivas para o entendimento clínico dessas condições.
O que o estudo analisou
A pesquisa foi conduzida com base em dados coletados de diversas plataformas científicas, como Scopus, Web of Science, PubMed e Google Scholar. Ao todo, dois grandes grupos de estudos foram analisados:
Grupo 1: Avaliou a prevalência de enxaqueca entre pacientes com diabetes (tipo 1 e tipo 2).
Grupo 2: Investigou a presença de diabetes entre pacientes que sofrem de enxaqueca.
Os dados foram processados com ferramentas estatísticas modernas (Jamovi e SPSS), garantindo rigor metodológico e confiabilidade dos resultados.
Enxaqueca é menos comum entre pessoas com diabetes
No primeiro grupo, a prevalência geral de enxaqueca entre pessoas com diabetes foi de 12%. Quando separados por tipo de diabetes, os resultados foram ainda mais específicos:
Diabetes tipo 2: Prevalência de enxaqueca de 8%.
Diabetes tipo 1: Prevalência ainda menor, de apenas 1%.
Esses dados sugerem que indivíduos com diabetes, especialmente tipo 1, têm menos chances de desenvolver enxaqueca em comparação com a população geral. A diminuição foi estatisticamente significativa no caso do diabetes tipo 1.
Pacientes com enxaqueca também têm menos diabetes
Já no segundo grupo de estudos, que examinou a prevalência de diabetes entre pacientes com enxaqueca, observou-se uma tendência parecida. A razão de chances geral foi de 0,86, o que indica uma redução significativa na probabilidade de pessoas com enxaqueca desenvolverem diabetes.
Essa relação foi ainda mais evidente entre pacientes com enxaqueca com aura, onde a razão de chances caiu para 0,78 — sugerindo uma associação protetora quase significativa. Por outro lado, não houve diferença significativa entre enxaqueca sem aura e prevalência de diabetes.
O que esses resultados significam?
Embora mais estudos sejam necessários para compreender os mecanismos biológicos envolvidos, os dados sugerem que diabetes e enxaqueca podem ter caminhos fisiológicos opostos ou independentes. Uma possível explicação é que a presença de diabetes pode alterar fatores metabólicos e vasculares de forma a reduzir os gatilhos que levam à enxaqueca.
Além disso, o uso de medicamentos, mudanças no estilo de vida ou a própria fisiopatologia do diabetes podem influenciar a frequência de crises de enxaqueca.
Uma ligação intrigante e promissora
A relação entre diabetes e enxaqueca não é apenas um tema de interesse acadêmico — ela pode impactar diretamente a forma como pacientes são acompanhados e tratados na prática clínica. Entender que pessoas com diabetes parecem ter menor risco de enxaqueca, e vice-versa, pode ajudar médicos a personalizar abordagens terapêuticas e estratégias de prevenção.
Se você convive com uma dessas condições ou ambas, converse com seu médico. Cada caso é único, mas conhecer as possíveis interações entre doenças crônicas é fundamental para viver com mais saúde e qualidade de vida.




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