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Exercícios fortalecem a cognição após AVC: o que muda no cuidado pós-evento?

  • Foto do escritor: Priscila Emery
    Priscila Emery
  • 12 de nov.
  • 2 min de leitura
programas de exercício físico estruturado também podem melhorar significativamente a função cognitiva de pacientes que sofreram AVC
programas de exercício físico estruturado também podem melhorar significativamente a função cognitiva de pacientes que sofreram AVC



A recuperação após um acidente vascular cerebral vai muito além da reabilitação motora. Um estudo recente publicado pela Medscape revela que programas de exercício físico estruturado também podem melhorar significativamente a função cognitiva de pacientes que sofreram AVC — especialmente em domínios como memória, atenção e função executiva.


Por que focar na cognição pós-AVC?


Muito se concentra na recuperação da mobilidade, da fala ou da independência física após o AVC. Porém, o comprometimento cognitivo — como dificuldade de concentração, lentidão de raciocínio ou problemas de memória — é comum e frequentemente negligenciado. Segundo o estudo, essas dificuldades são especialmente persistentes em pacientes que tiveram AVC leves a moderados.


Detalhes do ensaio clínico


O estudo envolveu 120 pacientes, com média de idade de 70 anos e 62% do sexo masculino, que haviam sofrido AVC isquêmico ou hemorrágico. Foram divididos aleatoriamente em três grupos:


  • Grupo 1: Programa de exercícios físicos — força, aeróbicos, agilidade e equilíbrio, duas vezes por semana, por seis meses.

  • Grupo 2: Enriquecimento cognitivo/social — treinamento cognitivo computadorizado + atividades sociais.

  • Grupo 3: Controle — exercícios leves de tonificação e equilíbrio.


Os desfechos principais envolveram medidas de função cognitiva, como a Escala de Avaliação Motora de Fugl-Meyer, a ADAS-Cog Plus, entre outras.


Resultados promissores, com ressalvas


Após seis meses, o grupo de exercícios físicos ativou uma melhora estatisticamente significativa na função cognitiva em comparação ao grupo controle (diferença média estimada -0,24; IC 95% -0,43 a -0,04; P = 0,02).


Entretanto, essa vantagem não se manteve com o mesmo grau no acompanhamento de mais seis meses. O efeito diminuiu, sugerindo que a manutenção do exercício é crucial para conservar os ganhos.


Implicações práticas para reabilitação e cuidado contínuo


  1. Integração do treino cognitivo e físico: Pacientes após AVC devem ser orientados a incluir exercícios de força, equilíbrio e aeróbicos como parte da reabilitação.

  2. Continuidade é chave: Os efeitos positivos diminuem se o programa cessar — “usar ou perder”, como ressalta uma das pesquisadoras.

  3. Avaliação cognitiva regular: Profissionais de reabilitação neurológica devem monitorar funções como atenção e memória, e não apenas mobilidade ou fala.

  4. Personalização e início precoce: Idealmente o treino começa assim que o paciente esteja clinicamente estável e adaptado a exercícios supervisionados.

  5. Espírito multidisciplinar: Fisioterapeutas, neurologistas, terapeutas ocupacionais e psicólogos devem colaborar para incluir a cognição na meta da recuperação.


Limitações e o que falta investigar


  • O estudo era realizado em um único centro e com amostra moderada.

  • O acompanhamento de longo prazo mostrou redução da vantagem, evidenciando a necessidade de estratégias para sustentar os benefícios.

  • Falta saber exatamente qual componente do exercício (força, aeróbico ou agilidade) exerce maior impacto cognitivo.

  • Mais estudos multicêntricos, com diversos níveis de severidade de AVC, são essenciais.


Conclusão


A evidência de que o exercício físico estruturado melhora a cognição após AVC é animadora e abre novos horizontes para reabilitação neurológica. Para pacientes e cuidadores, a mensagem é clara: movimento importa — não apenas para andar ou mexer, mas para lembrar, raciocinar e viver melhor.Incorpore o exercício ao plano de cuidado, busque a continuidade e envolva a equipe multidisciplinar. Porque, no fim das contas, reabilitação também é sobre cérebro — e saúde cognitiva é qualidade de vida.


 
 
 

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Neurologista - CRM 26635 - RQE 15534

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