Exposição ao sol na infância pode reduzir risco de recaída na esclerose múltipla infantil
- Priscila Emery
- 25 de abr.
- 3 min de leitura

Embora menos comum do que em adultos, a EM infantil tende a apresentar taxas de recaída mais elevadas e progressão mais rápida da incapacidade
A esclerose múltipla (EM) pediátrica é uma condição neurológica crônica que afeta crianças e adolescentes, com início dos sintomas antes dos 18 anos. Embora menos comum do que em adultos, a EM infantil tende a apresentar taxas de recaída mais elevadas e progressão mais rápida da incapacidade. Um novo estudo publicado na revista Neurology traz uma descoberta promissora: a exposição precoce ao sol pode reduzir o risco de recaídas em crianças com esclerose múltipla.
Luz solar e EM: o que a ciência descobriu?
Segundo a pesquisa liderada pela Dra. Gina Chang, do Hospital Infantil da Filadélfia, crianças que se expuseram por pelo menos 30 minutos diários ao sol durante o verão do primeiro ano de vida apresentaram um risco 33% menor de recaída da esclerose múltipla. Além disso, a exposição solar durante o segundo trimestre da gestação também foi associada à redução do risco de novos surtos da doença.
Esses achados reforçam a hipótese de que a radiação ultravioleta (UV), por meio da produção de vitamina D e modulação do sistema imunológico, pode exercer um efeito protetor contra a progressão da EM em pacientes pediátricos.
Como a exposição ao sol atua na prevenção da recaída da EM?
A vitamina D, sintetizada naturalmente pela pele durante a exposição ao sol, tem função imunomoduladora. Níveis baixos dessa vitamina já foram associados anteriormente a maior risco de desenvolvimento e progressão da EM. No estudo, as crianças com maior exposição solar na primeira infância apresentaram taxas de recaída significativamente menores do que aquelas com menor tempo de exposição.
Além disso, dados sobre exposição solar pré-natal revelaram que mães que se expuseram ao sol por pelo menos 30 minutos diários no segundo trimestre da gravidez tiveram filhos com menor risco de recaídas.
Importância do estudo para o tratamento da EM pediátrica
A EM infantil é uma condição que pode levar a incapacidades permanentes em uma idade precoce. Como o tratamento com medicamentos modificadores da doença (DMTs) pode não ser suficiente para prevenir todas as recaídas, estratégias complementares, como a exposição segura ao sol, podem ter um papel relevante.
A boa notícia é que a exposição solar é uma medida simples, natural e gratuita. No entanto, deve ser feita com responsabilidade, respeitando os horários seguros (antes das 10h e após as 16h) e com uso de proteção solar quando necessário.
Recomendações para pais e cuidadores
Com base nas evidências do estudo, algumas recomendações podem ser consideradas por pais e cuidadores de crianças com EM ou em risco:
Incentivar a exposição solar leve e regular, especialmente nos primeiros anos de vida;
Estimular atividades ao ar livre durante o verão;
Monitorar os níveis de vitamina D por meio de exames laboratoriais, conforme orientação médica;
Consultar um neurologista ou pediatra para avaliação individualizada do risco e orientações específicas.
Conclusão: sol como aliado no controle da EM pediátrica
A exposição ao sol, especialmente nos primeiros anos de vida e durante a gestação, pode ter um impacto positivo no curso da esclerose múltipla pediátrica. O estudo conduzido com mais de 300 crianças nos Estados Unidos indica que a luz solar é um fator de proteção natural contra recaídas da EM infantil.
Com o avanço da pesquisa, espera-se que novas diretrizes possam incluir a exposição solar como parte do manejo complementar da esclerose múltipla em crianças. Enquanto isso, a prevenção começa com pequenos hábitos diários, como brincar ao ar livre, passeios no parque e um tempo de qualidade sob o sol.
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